sábado, 22 de dezembro de 2012

Tempestade


A chuva caí lá fora. 
O dia cinza não nos acolhe e não nos convida ao ar livre. 
As paredes sufocam. A janela fechada angustia.
Lá fora surge a tempestade. 
Raios cruzam os céus, iluminando um mundo de escuridão. 
Iluminando o que não quer se mostrar. 
Mas, essa luz é momentânea, passageira... Rápida! 
Em questão de segundos, tudo volta novamente ao negro breu da noite sem estrelas. 
E, então, um furacão se forma. 
Em seu centro não há como segurar-se. Fazer-se seguro. 
E, assim segue a tempestade lá fora e aqui dentro. 


sexta-feira, 24 de agosto de 2012

À Espera

Vivemos em constante espera... Esperamos que os anos passem e nos tornemos mais sábios, mais responsáveis e adultos. O hoje nunca parece mais saboroso que o amanhã. O futuro tem aquele gosto agridoce, cheio de expectativa e novas chances.
À espera vemos os minutos tornarem-se horas; as horas, dias; os dias, meses; os meses, anos... E ao fim desse ciclo interminável vemos que a vida passou, extinguiu-se. Ficaram apenas as marcas de nossos pés na terra batida.
À espera de que algo libertador aconteça, acabamos deixando de lado as coisas que mais importam: as palavras que deveriam ter sido ditas, as atitudes que deveriam ter sido tomadas, silêncios não preenchidos, o toque que não aconteceu e aquele beijo que não existiu.
Vivemos à espera de mudanças drásticas, de libertação ao nosso marasmo cotidiano... À espera de que a vida valha a pena, mas a vida sempre vale à pena, se vivida de maneira gratificadora.
Estamos à espera do que? De que o mundo volte a girar? De que as horas passem e os dias sigam? 

E no fim...


O pé-de-guaco no jardim deu flores... Havia anos que não nos agraciava com as flores primaveris e com o aroma acolhedor. Parecia que previa, que desejava prestar sua última homenagem àquele que o apresentou. O chá de guaco, porém, não possui o mesmo sabor... 
As bananeiras e os cafezais há muito já não produzem ou florescem. Perderam o viço e definham à um canto do jardim. As rapaduras não possuem mais o mesmo sabor adocicado que marcou a infância perdida. Tudo perdeu a graça e simplicidade... Definhou e acabou. 
Todo o início de história possui um ponto final. Toda vida deverá um dia terminar. Toda pessoa humana irá encontrar-se no fim de um túnel de onde não se pode mais sair, onde apenas haverá uma luz a lhes guiar, deixando saudades aos que permanecem, muitas vezes, também a espera da aproximação de seu ponto final, em meio as tantas vírgulas que aparecem no caminho. 
A saudade é a certeza de que passaram entre nós. As lembranças permanecem em cada canto da memória e da casa da infância. A cada segundo ecoa o som da tosse seca, da voz rouca, do cheiro de guaco e cafezal. 
Passaram como dois guias, como os chefes de duas família distintas. Da minha família. 

RIP Vô Antonio e Vô João

domingo, 10 de junho de 2012

The Road Not Taken

 
“The Road Not Taken
Two roads diverged in a yellow wood,
And sorry I could not travel both
And be one traveler, long I stood
And looked down one as far as I could
To where it bent in the undergrowth;

Then took the other, as just as fair,
And having perhaps the better claim,
... Because it was grassy and wanted wear;
Though as for that the passing there
Had worn them really about the same,

And both that morning equally lay
In leaves no step had trodden black.
Oh, I kept the first for another day!
Yet knowing how way leads on to way,
I doubted if I should ever come back.

I shall be telling this with a sigh
Somewhere ages and ages hence:
Two roads diverged in a wood, and I—
I took the one less traveled by,
And that has made all the difference.”

By Robert Frost